terça-feira, 27 de julho de 2010

Julieta:
(...) Os amantes não precisam
De outra luz, para os ritos amorosos,
Que a da própria beleza dos seus corpos!
Ou então, se é cego, o amor casa-se bem com a noite!
Vem, noite grave! Tu, sóbria matrona austera
Tôda de preto!  Ensina-me a ganhar
Nesse jôgo, no qual quem mais perde mais ganha,
E em que se apostam duas virgindades
Imaculadas! Vem com teu capuz sombrio
Velas êste falcão selvagem do meu sangue
Que irrequieto brinca no meu rosto,
Para que o meu tímido amor, tornado
Mais audaz, possa olhar o ato do amor
Naturalmente, sem nenhum pudor!
Vem, noite, vem, Romeu, tu, dia em meio à noite!
Pois brilhas muito mais sôbre as asas da noite
Que no dorso de um corvo um flóculo de neve!
Vem, noite escura, noite amante, noite amiga,
E dá-me o meu Romeu! E quando êle morrer,
Toma-o de novo e corta-o em pequenas estrêlas,
E êle assim tornará tão belo o firmamento,
Que o mundo inteiro adorará a noite
E negará seu culto ao ofuscante sol!
Oh! Eu comprei linda mansão de amor
Que ainda não habito! Eu fui vendida,
Porém quem me comprou não me possui ainda! (...)

 Willian Shakespeare: Romeu e julieta; pag. 125 - 126

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